Seguro farto de "conversa fiada" pede propostas
António José Seguro falava no final de um almoço com a direção da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), ocasião em que voltou a defender uma redução do IVA da restauração de 23 para 13 por cento.
Nas declarações que fez aos jornalistas, o secretário-geral do PS foi confrontado com o apelo do Presidente da República, Cavaco Silva, no sentido de que os partidos do arco da governabilidade dialoguem sobre a reforma do Estado.
Seguro não comentou diretamente o apelo do Presidente da República, mas afirmou-se "farto de discussões que não levam a coisa nenhuma, de diálogos pelos diálogos, porque o país precisa de soluções".
"Se o Governo após um ano tem finalmente propostas sobre a reforma do Estado, então que as apresente no parlamento, porque aí estão todos os partidos políticos para as discutir. Mas chega de conversa fiada", declarou o líder socialista.
De acordo com o secretário-geral do PS, o guião de reforma do Estado apresentado pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, é "um conjunto de ideias vazias e em alguns casos são contraditórias entre si e contraditórias entre os ministros".
"Basta atentar-se no que disse hoje o ministro da Saúde [Paulo Macedo), que se afirma contra a privatização dos hospitais públicos, mas no guião está a privatização dos hospitais públicos. O Governo que se entende e que não faça coisas em cima do joelho. Se o Governo não se entende entre si, como quer os contributos dos outros partidos", interrogou-se o secretário-geral do PS.
António José Seguro acusou depois o Governo de "fazer encenações políticas para desviar as atenções do maior corte que haverá nas pensões, nas reformas e nos rendimentos das famílias, a par da manutenção do maior nível de aumento de impostos sobre as empresas e famílias".
"Isto é inaceitável. Chega de brincar com as palavras. Se o Governo tem propostas, apresente-as", insistiu António José Seguro.
De acordo com o secretário-geral do PS, quem tem "fugido" ao consenso é o Governo, que recusa dialogar sobre uma nova política de rendimentos, objeto de acordo em concertação social e que um dos pontos fundamentais "é o aumento do salário mínimo nacional".
"O problema de se sentar ou não à mesa também tem de ficar claro: O parlamento é o local onde os partidos estão. O Governo que fale menos e apresente propostas", afirmou António José Seguro.